O que é Plantio Direto?
Sistema de Plantio Direto (SPD) é um sistema de manejo do solo, onde a palha e os demais restos culturais são deixados na superfície do solo. No SPD, o revolvimento do solo não é realizado entre a colheita e o plantio do cultivo seguinte. Ou seja, as operações de preparo do solo (aragem e gradagem) são eliminadas do processo de produção, mantendo assim a palhada intacta sobre o solo antes e depois do plantio. Outro princípio do Plantio Direto é a utilização da rotação de culturas.
O preparo do solo se mostra necessário e por vezes imprescindível em locais de clima temperado, já que o revolvimento do solo acelera o lento processo de descongelamento do solo após o inverno nessas regiões. Inicialmente, as técnicas brasileiras de produção agrícola foram importadas quase integralmente desses locais. As fortes chuvas das regiões tropicais geraram inúmeros esforços para a contenção da erosão do solo (perda de solo), que constitui um dos maiores problemas da agricultura tropical. O desenvolvimento e adoção do Plantio Direto no Brasil foram tardios, tendo sido adotado pela primeira vez somente na década de 1970, ajudando na redução em cerca de 75% das perdas de solo nas regiões de adoção do sistema. Entretanto, a expansão do sistema só se tornou expressivo na década de 1990. [19]

- Controle da erosão
- Aumento dos teores de matéria orgânica do solo.
- Melhoria da estrutura do solo.
- Redução das perdas de água do solo.
- Redução da variação de temperatura do solo.
- Aumento da atividade biológica do solo.
- Menor número de operação com maquinários.
- Maior controle sobre a época de semeadura.
- Seqüestro de carbono no solo.
A erosão é controlada de forma eficiente pelo Plantio Direto devido à proteção fornecida pela palhada ao impacto das gotas de chuva no solo, associada à maior rugosidade da superfície, reduzindo a velocidade de escorrimento superficial da água. [15]

Matéria orgânica
A degradação da matéria orgânica do solo é essencialmente gerada pela ação de microrganismos aeróbios, que necessitam de oxigênio para atuarem. Quando revolvemos o solo, há grande oxigenação do solo, o que em climas tropicais gera o quase desaparecimento dos restos culturais devido às altas temperaturas e umidade. No SPD, onde o solo é mantido sem revolvimento, os processos de oxidação da matéria orgânica são mantidos em níveis mais baixos, aumentando o seu acúmulo no solo. Entretanto, o aumento da matéria orgânica não ocorre nos primeiros anos de adoção do sistema, mas sim após 6 ou 7 anos do seu início. [19] É importante salientarmos que a presença de matéria orgânica melhora a estrutura do solo, já que a esta é essencial à formação e manutenção dos macro e micro-agregados que formam a estrutura do solo.
Temperatura e umidade do solo
A maior cobertura do solo gerada pela palha aumenta a reflexão dos raios solares e promove o isolamento térmico da superfície, reduzindo a temperatura do solo em até 4°C, assim como diminui a oscilação de temperatura do solo durante o dia, o que beneficia os cultivos. Uma boa cobertura morta também reduz as perdas d’água por evaporação em torno de 25%, sendo que a maior retenção de água gera economia de água de até 30% em sistemas irrigados, além da redução dos efeitos negativos dos veranicos (estiagens) em áreas não irrigadas. [15]
Economia e compactação
O menor uso de maquinários é gerado pela eliminação das operações de preparo do solo, que geram alto consumo de combustível e alto desgaste do maquinário em sistemas convencionais, por serem operações pesadas. Com menos combustível gasto, o custo de produção tende a ser reduzido nos SPDs. Com menor tráfego de máquinas pesadas, há menor compactação do solo.

Flexibilidade no plantio
Outra grande vantagem do sistema é a possibilidade de realizarmos o plantio logo em seguida à colheita. Podemos colher o milho em um dia e no mesmo dia semearmos a soja no campo. Em sistemas convencionais, esse intervalo é geralmente igual ou superior a 3 meses, devido ao preparo do solo. Na figura ao lado, podemos observar o plantio e a colheita sendo realizados simultaneamente.
- Necessidade de maior conhecimento técnico.
- Dificuldades na erradicação de algumas plantas daninhas.
- Dependência do uso de herbicidas dessecantes.
- Problemas de compactação do solo.

Algumas plantas daninhas, em especial as perenes, podem ser de difícil controle nesse sistema. Estas plantas devem ser eliminadas ao máximo antes de iniciarmos a implantação do sistema. O uso de herbicidas dessecantes é essencial no Plantio Direto, sendo necessário antes da emergência da nova cultura. A dependência das poucas opções viáveis de herbicidas tem gerado aumento do número de casos de resistência de plantas daninhas a esses herbicidas.
O tráfego de maquinários gera compactação do solo, prejudicando o desenvolvimento da cultura. O não revolvimento anual elimina a possibilidade de correção paliativa do problema com a subsolagem e aragem do solo sem que saiamos do voltemos ao sistema convencional. Os maiores problemas de compactação têm sido gerados por falhas técnicas, como a entrada de implementos em solo molhado.

O sucesso do Plantio Direto na Palha depende muito do nível de conhecimento técnico do agricultor e do treinamento da mão-de-obra, devido à maior complexidade do sistema. A banalização da assistência técnica agrícola nas fazendas é sem dúvidas uma grande barreira ao desenvolvimento da agricultura brasileira. Com o oferecimento de baixos salários e condições precárias de trabalho, os bons profissionais agrônomos têm se deslocado para a área de vendas, onde os ganhos comissionados lhes geram melhores condições de vida. Este fator tem gerado a utilização de profissionais pouco qualificados e com baixo conhecimento técnico na produção, gerando erros e grandes prejuízos ao produtor, levando muitas vezes ao abandono do sistema.