Cultivo da soja no Brasil
Conheça o processo de produção da soja, a evolução do cultivo no Brasil, os custos de produção e os tratos culturais: desde a semeadura até a colheita.
A soja é um grão protéico e oleaginoso, pois cerca de 40% do seu peso seco é formado por proteínas, e 20% formado por óleo. Por este motivo, ela tem sido utilizada principalmente com duas finalidades: para a produção de óleo vegetal e para a alimentação animal. Entretanto, a aplicação da soja e dos seus derivados é muito extensa, sendo empregada na a alimentação humana e animal, para a produção de biocombustíveis, cosméticos, entre outros. Somente em exportações, o Complexo Soja (grão, farelo e óleo) movimentou US$ 17,1 bilhões em 2010.[9]
O cultivo da soja no Brasil ainda é relativamente recente. Apesar de ter sido trazida dos Estados Unidos em 1882, ela só veio a possuir importância econômica em nível de país em meados da década de 1960, tendo sido impulsionada pelo crescimento do cultivo do trigo na região sul. A produção brasileira que era de 1,5 milhões de toneladas em 1970, hoje gira em torno das 75 milhões de toneladas anuais, sendo superada somente pelos EUA. Cerca de 1 em cada 4 sacos de soja consumidos no mundo é produzido no Brasil. A produtividade média da soja também cresceu em ritmo acelerado, saltando de 700 kg por hectare em 1941 para 3.106 kg por hectare em 2010, nos 24,2 milhões de hectares plantados.[4][6]

A região sul era durante os anos 60 e 70 a região produtora de soja dominante no Brasil, mas a produção foi gradualmente expandida para a região centro-oeste durante os anos 80 e 90. A política de expansão agrícola no cerrado, com incentivos fiscais, baixo valor da terra, melhoria da infra-estrutura de transportes, e adaptação das variedades às condições de baixa latitude do cerrado, gerou grande impulso da produção na região centro-oeste. Em 2007, o Mato Grosso produzia cerca de 26% da soja brasileira, seguido do Paraná (20%) e Rio Grande do Sul (17%).[2]
Cada decisão a ser tomada deve levar em conta não somente o aumento da produção, mas principalmente o retorno econômico que ela gerará. Segundo estimativas da Fundação MS, o custo de produção da soja convencional na safra 2009/2010 foi de aproximadamente R$ 1.130 por hectare, sendo 75% do custo proveniente da compra de insumos, como adubos, sementes, defensivos e inoculantes. Com os preços de venda da soja oscilantes entre 20 e 50 reais por saca de 60 kg, o custo de produção relativo que era de 31 sacas por hectare em 2004, ficou em 27 sacas por hectare em 2009.[5]

A semeadura da soja no Brasil costuma ocorrer entre 20 de outubro a 10 de dezembro, sendo que a época ideal geralmente é durante o mês de novembro.
A soja é semeada por grandes semeadoras, que depositam a semente no espaçamento desejado. A tecnologia atual permite que semeemos tanto em solo preparado (arado e gradeado), como em solo sem preparo prévio, como é o caso do Sistema de Plantio Direto, onde não há o revolvimento do solo antes do plantio. O emprego da técnica aumenta o teor de matéria orgânica do solo, reduz as perdas de solo por erosão, reduz o número de operações com o trator, entre outros benefícios. O plantio direto já é empregado em mais da metade dos plantios de soja do país.
As plantas precisam de nutrientes para se desenvolver, sendo eles geralmente obtidos através de adubações. Dentre os nutrientes, o mais crítico na produção agrícola é o nitrogênio, pois é necessário em grandes quantidades e custa caro, devido à grande quantidade de energia gasta para produzi-lo. Entretanto, os produtores de soja brasileiros não aplicam nenhum adubo nitrogenado nos cultivos de soja, sendo isso possível através do tratamento das sementes com bactérias capazes de captar o nitrogênio presente no ar, dispensando a adição de nitrogênio por adubos. Os demais nutrientes, como o Potássio e o Fósforo são normalmente fornecidos através de adubos minerais.

Entre 4 a 7 dias após o plantio da soja, as plantas começam a emergir do solo. Nesse período, é importante ao produtor cuidar para que as plantas não sejam dizimadas por insetos e doenças, pois as pequenas plantas são um alvo fácil para eles. Entretanto, as plantas poderão ser atacadas durante todo o seu ciclo de vida.
Existem hoje cerca de 40 doenças presentes nas lavouras de soja brasileiras, causando perdas médias estimadas em cerca de 15% a 20%, sendo que algumas doenças, mesmo quando tratadas geram perdas de quase 100%. O grau de incidência das doenças depende principalmente de fatores climáticos, como temperatura e chuvas. Dentre as principais doenças está o fungo causador da ferrugem asiática, que gera altos gastos com agrotóxicos para o seu controle. O controle químico de doenças pode exigir até 6 pulverizações ou mais de fungicias em situações mais problemáticas. A maioria das doenças pode ser transmitida pelas sementes, por isso, é necessário plantarmos sementes absolutamente sadias, e obtidas de produtores confiáveis.
Os insetos também são um grande problema aos produtores de soja, levando-os a pulverizar inseticidas de freqüentemente. Dentre as principais pragas estão as lagartas desfolhadoras e os percevejos. No Brasil, um grande projeto foi desenvolvido para disseminar o controle de lagartas através da introdução de uma doença que as ataca, chamada de Baculovírus.

Transgênico Bt
Hoje, genes de bactéria introduzidos nas plantas de soja geraram plantas transgênicas chamadas “Bt”. Estas plantas matam lagartas após a ingestão de partes das suas folhas, o que reduz as perdas e os gastos com inseticidas, mas tem gerado muita polêmica em todo o mundo.
Outro grande desafio da produção é o crescimento de plantas indesejáveis junto à lavoura. As plantas daninhas crescem mais rápido que a soja, utilizando os nutrientes e a água do solo, além de gerar sombra sobre a soja, impedindo a fotossíntese. Além disso, as sementes das plantas indesejáveis poderão acabar sendo colhidas junto à soja, diminuindo o valor da soja, causando prejuízos ao produtor. Para auxiliar no controle de plantas daninhas, são utilizados agrotóxicos herbicidas, que matam as plantas daninhas já desenvolvidas, e evitam a germinação de novas plantas indesejáveis.

Transgênico Soja RR
O custo do controle de plantas daninhas facilmente se torna um dos mais representativos nos gastos do agricultor, gerando a busca constante por alternativas mais viáveis economicamente. Esta preocupação tornou o lançamento do transgênico intitulado “Roundup Ready” uma verdadeira revolução na produção da soja. O transgênico permite que com somente um herbicida de baixo custo, o agricultor seja capaz de matar praticamente todas as plantas da lavoura, exceto a soja, por esta possuir um gene de resistência ao herbicida glifosato.

Após todo o desenvolvimento da soja finalizado, e com os grãos prontos para serem colhidos, ainda temos que retirá-los do campo, através da colheita feita por máquinas. O momento ideal para colher a soja é determinado principalmente através da umidade dos grãos, que deve estar entre 13% e 15% para obtermos perdas mínimas. Para as variedades brasileiras isso leva em média de 100 a 160 dias após o plantio.
As perdas são muito variáveis, e dependem dos tipos de maquinário, grau de manutenção, grau de instrução do operador, etc. A média brasileira de perdas na colheita da soja no Brasil está em torno dos 120 kg por hectare, ou seja, mais de 2,5 milhões de toneladas são perdidos no campo anualmente, gerando um prejuízo de aproximadamente 1,7 bilhões de reais.[11]
Atualização em Setembro, 2011. Consulte nossa listagem de Referências bibliográficas.