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Produção de Cana-de-açúcar

A produção da cana-de-açúcar iniciou-se no período colonial, e hoje é uma das principais culturas agrícolas da economia brasileira. O Brasil é responsável por mais da metade de todo o açúcar comercializado no mundo, sendo também o maior exportador de etanol. Conheça o processo de produção da cana, do seu cultivo ao transporte à usina.

Somente em 2009 o Brasil produziu cerca de 670 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, com valor de produção de quase R$ 24,0 bilhões. A produtividade média dos canaviais foi no mesmo período de cerca de 80 toneladas por hectare. [2]

O Brasil tem sido visto como forte ameaça ao domínio por fontes de energia no mundo. Como formas de barreiras à expansão do setor, existem fortes propagandas negativas circulantes na mídia internacional, alegando trabalho escravo nas lavouras para a colheita, bem como o avanço do plantio sobre as matas virgens amazônicas.

Produtos e subprodutos da cana

Além do açúcar e do álcool, a cana-de-açúcar também gera importantes subprodutos, como o bagaço utilizado na geração de eletricidade, torta e vinhaça que são utilizados na adubação dos canaviais, entre inúmeros outros produtos farmacêuticos, alimentícios, químicos etc.

Usina de canaUsina de açúcar e álcool

Etanol

Frente à alta de preços dos combustíveis fósseis e às pressões por fontes alternativas renováveis de energia, o etanol brasileiro é hoje um dos focos das políticas internacionais para o desenvolvimento sustentável, devido também à sua alta eficiência e baixo custo de produção. A previsão é de que a produção que foi em 2009 de 27 bilhões de litros de etanol, torne-se de quase 59 bilhões de litros em 2019, liderada pelo aumento do consumo interno. [12][16]

O etanol produzido a partir da cana tem se mostrado vantajoso em relação ao produzido através de outras fontes, como o milho (principal nos EUA) e a beterraba (principal na Europa). O etanol de cana apresenta o mais baixo custo de produção, a maior produtividade (litros por hectare), além do melhor balanço energético dentre as principais matérias primas. Entretanto, o etanol de milho americano responde por quase de 55% do etanol produzido em todo o mundo, seguido do etanol brasileiro de cana responsável de cerca de 35%. Juntos, os EUA e Brasil respondem por quase 90% da produção mundial do combustível. [17]

O etanol americano possui fortes subsídios durante a produção do milho utilizado para a sua geração, bem como forte barreira tarifária, de US$ 0,54 por galão (~3,78 litros), impedindo assim o aumento das exportações brasileiras aos EUA. Mesmo com o encarecimento do etanol brasileiro, ele ainda se mostra competitivo com o caro etanol americano, sendo que os EUA ainda são os maiores importadores do nosso etanol.

Locais de cultivo
Mapa da produção de cana no BrasilMapa da produção de cana (IBGE, 2008)[2]

O Brasil possui mais de 400 usinas de processamento de cana-de-açúcar, que contam com aproximadamente 70 mil produtores da matéria-prima. [12] A produção se concentra principalmente no Sudeste de país, sendo que somente o estado de São Paulo foi responsável por cerca de 60% da produção nacional em 2009. Entretanto, os novos cultivos têm se expandido principalmente à região Centro-Oeste, devido principalmente aos menores preços de terras. [2]

Área cultivada

A área plantada de cana é de aproximadamente 8,5 milhões de hectares, representando menos de 3% do total de terras cultiváveis no Brasil em 2009. A área de pastos é a principal região de expansão desse cultivo. [2] Sendo assim, a produção brasileira de etanol não inibe a produção de alimentos, nem provoca aumento considerável nas taxas de desmatamento, assim como afirmam alguns órgãos internacionais.

CanavialCultivo de cana, que atinge de 3 a 6 metros de altura

Clima e solo

A cana-de-açúcar cresce melhor em regiões quentes e úmidas, com temperaturas entre 30 e 34 graus Celsius.

A adubação representa sem dúvidas um dos maiores custos na produção da cana. Os principais nutrientes a serem supridos pela adubação nos canaviais são o nitrogênio, o potássio, e o fósforo, conforme a necessidade. A vinhaça, líquido altamente poluente gerado na fermentação, é utilizada na adubação para suprimento de potássio de alguns talhões, bem como tem a torta de filtro.

Plantio
Plantio de canaPlantio manual de cana

Os canaviais são culturas semi-perenes, pois são replantados somente após cerca 5 anos do plantio, ou seja, colhe-se cerca de 5 vezes o canavial antes da sua reforma. Normalmente a primeira colheita é mais produtiva, sendo que a produtividade decresce gradualmente a cada corte, sendo as médias de respectivamente 120, 95, 85, 75 e 60 toneladas por hectare. Ainda assim, o altíssimo custo da renovação e plantio do canavial faz com que o replantio anual seja economicamente inviável. Após o quinto corte, geralmente é economicamente mais vantajoso realizar um novo plantio. O primeiro corte da cana é chamado de cana planta, já os demais são chamados de cana-soca.

A primeira colheita da cana pode ocorrer após um ano ou um ano e meio do plantio, dependendo do quão precoce é a variedade utilizada. No estado de São Paulo, o plantio da cana geralmente ocorre de outubro a março, enquanto no nordeste ele é feito de julho a novembro. O plantio tem sido realizado em sulcos, enterrando-se os colmos (toletes) entre 30 e 40 cm de profundidade, em linhas distanciadas de uma média de 1,5 metros para a colheita mecanizada. Atualmente a maior parte do plantio ainda é feito manualmente, mas a tendência é que o plantio passe a ser mecanizado. Para isso, novas tecnologias estão em desenvolvimento.

Para regularizar o solo, que fica muito irregular com o plantio, realiza-se cerca de 60 a 70 dias após o plantio, uma operação chamada “quebra-lombo”, na qual o solo é planificado para possibilitar a passagem da máquina colhedora.

Plantas daninhas

Nos primeiros meses de crescimento, enquanto a cana ainda não fechou as entrelinhas, o cultivo ainda se mantém em desvantagem em relação às plantas daninhas, que crescem vigorosamente quando não controladas. As plantas daninhas absorvem a água e nutrientes, além de bloquear os raios solares,  que deveriam ser utilizados pela cultura.

Os cultivos de cana exigem grande atenção no manejo de plantas daninhas, sendo o controle destas um dos maiores custos na produção dos canaviais. Para garantir um controle eficiente, os agricultores utilizam um grande número de herbicidas, sendo a maioria pré-emergente, ou seja, que mata as plantas antes da sua emergência no solo. Dentre as principais plantas daninhas dos canaviais estão a tiririca e as cordas-de-viola, sendo a última causadora de sérios problemas na colheita mecanizada.

Pragas e doenças

A principal praga que tem atacado a maioria dos canaviais é a broca (Diatraea spp.), que cava túneis no interior dos colmos, facilitando a entrada de doenças. Outras pragas importantes em algumas regiões são os nematóides e o besouro Migdolus. Os cultivos de cana possuem relativamente poucas doenças que geram problemas, sendo que a maioria delas deve ser resolvida pelo uso de variedades resistentes. Vale lembrar que a altura dos canaviais representa um grande problema para pulverizações tardias de defensivos agrícolas.

Colheita
Colheita manual x mecanizada de canaColheita manual versus mecanizada de cana

A colheita da cana geralmente ocorre de maio a novembro, quando as plantas atingem o ponto de maturação. A colheita manual exige grande mão-de-obra, e requere a queima prévia do canavial, a fim de eliminar as folhas. Na safra de 2009/2010 mais da metade da cana do estado de São Paulo já foi colhida mecanicamente. [18] Cada homem colhe manualmente em média 5 a 6 toneladas por dia, mas cada colhedora colhe de 15 a 20 toneladas por hora. A cana colhida mecanicamente pode ser obtida inteira ou picada. Devido a pressões internacionais que condenavam o trabalho dos bóias-frias (colhedores manuais), o Brasil passou a obrigar por lei a substituição da colheita manual pela mecanizada.

Um dos grandes desafios da colheita da cana é a ocorrência de chuvas, que impedem a entrada dos maquinários pesados no campo. Atrasos na colheita geram problemas na logística das indústrias (usinas), causando paralisações na produção de açúcar e álcool.

Outro grande problema é o florescimento dos canaviais, que geram grandes prejuízos à indústria, uma vez que a cana se torna esponjosa, e com baixíssimo teor de líquidos. O florescimento ocorre somente em condições ótimas de chuvas e temperatura para a cana, podendo ser evitado pela aplicação de produtos que geram o stress do canavial.

O ponto de colheita é determinado pelo ponto de maturação do canavial. Na maturação, a cana possui o maior teor de açúcares no caldo e, portanto, maior rendimento industrial. O teor de açúcares é medido já no campo, através da estimativa do Brix, que representa a quantidade de sólidos solúveis no caldo.

Transporte

Após a colheita, a cana colhida deve ser transportada o mais rápido possível à usina, já que o açúcar passa a ser invertido após a colheita, diminuindo seu rendimento industrial. Por este motivo, aliado ao alto custo de transporte da carga, a distância do campo à usina é um fator importantíssimo a ser considerado na produção.A maior parte da cana é transportada no modal rodoviário, por meio de grandes caminhões e carretas, que constituem grande problema no trânsito local nas rodovias devido ao seu tamanho, peso e baixa velocidade.

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