O que é CEASA?
CEASA é a sigla para Centrais Estaduais de Abastecimento. As Ceasas são empresas estatais ou de capital misto (público e privado), destinadas a aprimorar a comercialização e distribuição de produtos hortifrutigranjeiros. Hoje, a grande parte das frutas, legumes, e flores comercializadas em feiras, supermercados, restaurantes e sacolões foram por eles compradas através das Ceasas.
Para entendermos melhor o funcionamento de uma Ceasa, explicaremos de forma simplificada. O produtor agrícola envia caminhões com suas produções à Ceasa. As bancas vendedoras da Ceasa vendem os produtos aos compradores (varejistas) e repassam o valor de venda aos produtores rurais, ficando com uma comissão sobre o total comercializado. Explicaremos o processo mais detalhadamente no decorrer do artigo.

Como o crescimento acelerado dos centros urbanos no país, o processo de distribuição de produtos hortifrutigranjeiros tornou-se caro, complexo e ineficiente. O uso exclusivo das vendas diretas ou de atravessadores autônomos dos produtos agrícolas gerava dificuldades na formação dos preços, na concorrência entre os produtores, na homogeneização da produção, e principalmente na distribuição dos produtos ao mercado varejista (feiras, sacolões, supermercados, quitandas, restaurantes etc.). Frente à problemática crescente desse sistema, o Governo Federal brasileiro decidiu intervir neste mercado através da criação das Centrais de Abastecimento (Ceasas) na década de 1960, implantando-as na década de 1970, nos principais centros urbanos do país.

Nas Ceasas são comercializadas frutas, legumes, hortaliças, ovos, pescados, flores e plantas ornamentais, pescados. Alguns produtos são comercializados em horários e dias da semana específicos, sendo que a mesma área pode ser utilizada por mais de uma categoria de produtos. Alguns produtos altamente perecíveis, como os pescados e as flores, são geralmente comercializados desde a madrugada.
O funcionamento das Ceasas é fundamentado na participação de 3 agentes principais: os Comerciantes, os Produtores, e os Compradores. Conheça o papel de cada um deles:

Comerciantes (Boxes e pedras)
Empresas privadas alugam áreas nas CEASAs, denominadas “Boxes”, destinadas à comercialização e armazenamento dos produtos. Áreas menores, sem estruturas fixas, sendo mais baratas e geralmente destinadas ao comércio de legumes e vegetais são comumente chamadas de “pedras”. As áreas são concedidas aos comerciantes, também chamados “permissionários” por meio de licitações. Os Boxes ficam com comissões de cerca de 17% sobre o valor total das vendas.

Produtores (Fornecedores)
Qualquer produtor interessado em comercializar seus produtos pela Ceasa pode entrar em contato com a mesma e solicitar o contato de Boxes que podem se interessar pelo seu produto. Após negociar o envio da carga ao Box, o produtor já pode enviar seu produto à Ceasa.
Compradores (varejistas)

Qualquer pessoa ou empresa pode comprar na Ceasa, inclusive o consumidor final, pois o acesso ao local é livre. Entretanto, a Ceasa é destinada à venda no atacado, sendo que as quantidades mínimas de compra são estabelecidas em volumes de atacado. A batata, por exemplo, é comercializada em sacos fechados de 60 kg, e o pêssego é comercializado no mínimo em caixas de 6 kg. Não é possível a compra de quantidades menores ou parceladas. Outro ponto a ser considerado é o poder de barganha do comprador, pois quanto maior o volume a ser comprado, maior a capacidade de negociação dos preços.
Outros agentes
Para auxiliar na formação dos preços, as Ceasas contam com pesquisadores de preços que percorrem as bancas durante todo o dia gerando a cotação para cada produto, informando o valor mínimo, comum (médio) e máximo praticados. Os valores são disponibilizados online, sendo também tomados como base nas negociações de preços.
Um custo considerável na comercialização através de Ceasas é o descarregamento dos produtos pelos carregadores, denominados "chapas", geralmente pagos pelos boxes, mas que descontam posteriormente no pagamento ao produtor. As caixas são transportadas dos caminhões aos boxes por meio de carrinhos manuais, cuja carga é taxada de acordo com o tamanho e número de caixas, normalmente variando entre R$ 0,25 a R$ 0,85 por caixa. Os chapas são em geral autônomos, cadastrados no local, e os preços são fixados por sua associação.
Funcionários
Por se tratarem de empresas de capital misto, os funcionários são contratados em regime CLT, e não estatutários como os funcionários públicos.
Compra direta
Apesar de constituir um mecanismo mais eficiente nas comercializações de pequenos e médios volumes de produtos, as Ceasas não são muito vantajosas às grandes redes varejistas, como o Grupo Pão-de-Açúcar, Walmart, Carrefour etc. A negociação e compra direta com o produtor é muitas vezes realizada por estes grupos, pois diminui seus custos pela eliminação de um intermediário, o atacadista. Entretanto, essa estratégia de vendas diretas dificulta o escoamento da produção dos pequenos produtores, que não possuem escala suficiente para a venda direta.
Perdas pós-colheita
As perdas de produtos devido a práticas inadequadas de transporte, armazenamento e manuseio constituem um dos grandes problemas das Ceasas. Universidades públicas têm trabalhado para encontrar soluções para a redução dessas perdas, gerando produtos em maior quantidade, qualidade, e com menores desperdícios.